O social é o mais importante enriquecimento dessa série que estamos trazendo para vocês. Ele pode ser descrito como a interação entre grupos de animais, seja da mesma espécie ou não, e também compreende o estímulo de comportamentos sociais específicos da espécie, como a alimentação, a territorialidade, a reprodução e relações sexuais.

Se formos pensar em uma criança que cresce sem contato social, muitos estímulos não serão trabalhados e isso irá resultar em problemas comportamentais na vida adulta. O mesmo acontece com os pets. Quando falamos de enriquecimento social temos que ter em mente que ele é essencial, seja a socialização entre animais ou até mesmo com humanos.

Quando animais sociais – como cães e gatos – ficam em isolamento, seu bem-estar fica comprometido. Pode ocorrer o desenvolvimento de um comportamento deslocado, como fobia, reatividade ou ansiedade generalizada, agressividade ou até mesmo o animal parar de exibir comportamentos que fazem parte da expressão comportamental normal daquela espécie.

Para vocês terem ideia: 70% dos casos ativos da Jeito Animal são de cães que não passaram por esse processo de socialização e hoje apresentam comportamento reativo – reação emocional exagerada diante de estímulos e situações que o cão não consegue lidar. Muitos filhotes da pandemia cresceram sem contato social e a consequência disso é medo, frustração e/ou ansiedade quando são expostos a determinadas situações.

A boa notícia é que é possível socializar os pets de forma preventiva. Filhotes de cães e gatos devem ter momentos de interação com outros filhotes e com suas mães, por isso, não é recomendado que um filhote saia da ninhada para um novo lar antes dos 60 dias. Nesse período, eles aprendem a dosar mordidas, conhecem o limite das brincadeiras e têm interações sociais que irão refletir para o resto de suas vidas.

E para que esse pet continue sociável e possa exibir seus comportamentos naturais, os tutores podem dar continuidade a esse processo de socialização. É importante apresentar outros animais, pessoas e estímulos de forma positiva, gradual e controlada.

Por exemplo, no caso dos cães, o tutor pode levar os filhotes a locais públicos no colo ou carrinho para não expor a doenças. Ele irá ter contato com outros cães, carros, motos e pessoas. Sempre respeitando o tempo e a distância em que o animal se sinta confortável. Também é recomendado receber visitas em casa com intuito de interagir com o pet.

Voltando a falar da relação humano-animal, como enriquecimento ambiental social, podemos citar aqui o ensino de comandos. O que ocorre nesse momento é um aumento da comunicação entre espécies e aumento do vínculo também, além de ser um momento em que o animal está sendo estimulado e desafiado cognitivamente.

Passeios com o tutor, carinho, massagem e a atenção que damos aos nossos pets também fazem parte desse tipo de enriquecimento. Brincadeiras de bolinha, cabo de guerra, pega-pega e de buscar o tutor usando o olfato são ótimas para esse vínculo social aumentar ainda mais.

Em casos de cães de abrigo, ter voluntários que dispõem de algum tempo para passear com esses cães, para ficar alguns momentos dando carinho, brincando ou até mesmo só ficando no mesmo ambiente fará uma diferença na qualidade de vida e das interações desses cães.

Espero com esse texto ter esclarecido um pouco sobre o enriquecimento ambiental social que é tão importante para o desenvolvimento e para garantir uma vida mais feliz para nossos pets. Acima de tudo devemos sempre focar no bem-estar deles e proporcionar boas experiências para que sejam mais fortes emocionalmente em seus relacionamentos.

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